Porque mais é menos (parte 2)


Nós passamos o dia elegendo, qual compro? que filme vejo? Vou de bicicleta? Compro uma casa? Que visto? Cremos que nos convertidos nos únicos autores de nossa existência, que decidindo controlamos nossa vida. Porém enfrentar-se a muitas decisões nos passa fatura, nos esgota, nos oprime e inclusive nos tiraniza. Em um mundo opulento capaz de encher todas nossas necessidades materiais nos sentimos só,infelizes e deprimidos. Uma de quatro pessoas no mundo ocidental se sente só, e segundo a organização mundial da saúde, na atualidade a depressão é a segunda causa que diminui a esperança de vida nas pessoas entre 15 e 44 anos, e se calcula que para o ano 2020 será em pessoas de todas as idades e de ambos sexos. Não são as únicas cifras pouco prometedoras de nossa sociedade, a taxa de divorcio se disparou nas ultimas décadas, como a de suicídios entre adolescentes ou a de crimes violentos.
É que se nos esfuma a vida elegendo entre a quantidade de opções que temos e ficamos sem tempo para o essencial, para o que realmente nos faz sentir bem e felizes, que é estar com os demais. Somos animais sociais, necessitamos relacionar-nos uns com outros para aprender, para desenvolver-nos, para crescer e em definitiva para ser felizes. Isso requer tempo. Para fazer amigos, para cuidar-los, para apaixonar-se, nos filmes tudo isso acontece em menos de duas horas, porém não na vida real. Nossos avôs levavam uma vida mais austera, tinham pouco para escolher, não existia oferta, porém passavam mais tempo em família, conversando com os vezinhos ,com a fruteira, com os filhos, com os amigos, estavam mais conectados uns com outros e pode que fossem mais felizes. É que a vezes ter mais não é sinônimo de melhor, tampouco de felicidade.



Maximizador: aquele que não se conforma com algo bom, quer sempre o melhor, custe o que custe. O problema dos maximizadores é que nunca se sentem satisfeitos com suas decisões, decidem e em um momento se arrependem.

Satisfactor: aquele que tem seus critérios, busca, e pode que não encontre o melhor, porém sim algo suficientemente bom e isso le serve.


Cada decisão que tomamos tem um preço associado, implica sacrificar a outras opções, e esses pequenos sacrifícios tem conseqüências negativas, porque alteram nossos sentimentos sobre as decisões que tomamos, por isso a vezes aparece o arrependimento. Depois de decidir começamos a ter segundos pensamentos. O arrependimento pode fazer sentir-nos miseráveis, porém tem funções importantes, nos ensina a prender dos nossos erros, também a vezes nossas ações tem conseqüências nos demais e o arrependimento é uma forma de demonstrar como nos sentimos ao causar-lhes dor e que não faremos no futuro. Uma coisa está clara, que lamentar-se e arrepender-se continuamente por coisas sem relevância não tem sentido algum. Os maximizadores tem tendência a estar insatisfeitos com suas decisões por isso se sentem pouco felizes depois de qualquer eleição, sofrem mais que nenhuma outra pessoa o desgarro que supõe eleger seja o que seja, porque quando elegemos, ademais de renunciar a outras coisas temos que enfrentar-nos ao fato: O eu que elege é diferente do eu terá que assumir essa decisão mais adiante, pode que por isso, nos custa tanto fechar as portas a outras opções e assimilar a nossa e crer nela, porque nunca somos os mesmos, mudamos a cada instante.

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