Ser otimista


Otimismo
Pode que seja bom começar por ir ao ponto e dizer que para nós , um otimista não é , como muita vezes se diz , alguém que simples teimozamente assegura que tudo irá bem,sem saber muito bem de que fala. Não nos referimos tampouco ao otimismo daqueles que supõe que tudo resultará fácil, nem ao daqueles que tentam convencer-se de que fechando os olhos ao problemas estes desaparecerão .


Crer no poder do esforço

Buscando mais além das primeiras definições que dão as enciclopédias, encontramos que na origem da palavra latina “optimismo” está “optimo” , uma palavra que não nos envia ao resultado ideal senão a obter o melhor resultado dentro do possível. “Otimismo” também deriva de opus, que se poderia traduzir como obra, tarefa o trabalho.
Nesse sentido, otimista é toda pessoa , grupo ou sociedade que crê, sabe e se apóia na idéia de que deve trabalhar sobre a realidade para conseguir dela o melhor resultado possível. Em resumem, é alguém que tem a certeza de que todavia falta trabalho por fazer e que merece a pena dedicar-se a ele com entusiasmo.
É verdade que, em geral,os otimistas prevê resultados favoráveis , porem isso não é apoiados numa espécie de mágica resolução espontânea dos problemas ou dificuldades ,senão baseando-se no seu pessoal ponto de vista e uma desdramatizada interpretação dos acontecimentos externos.
Os otimistas autênticos realizam uma avaliação realista das ameaças, assim como das oportunidades. A isso se soma uma confiança inalterável nos seus próprios recursos, na efetividade de suas ações e na ajuda que possa dar e receber. Ademais levam a cabo tudo isso sincronizando seus esforços com os de outras pessoas.
Em vez disso , ao individuo ou a sociedade pessimistas tem que carregar tanto com os maus agôros de suas próprias profecias como as alheias carga que le impede de pensar em função da uma ação.
. O pessimista pressupõe que nada do que realize pode melhorar a sua situação. Então não faz , não cria, não constrói ou pelo menos não Poe a energia que a tarefa necessita para que resulte eficaz.
Por hábito ou por educação, o pessimista desenvolveu uma particular inclinação a interpretar negativa e escuramente os acontecimentos externos, desapreciando as realizações e os avances, concentrando-se unicamente nos conflitos, nas dificuldades e nas perdas. Sem nenhuma intenção de revisar seus preconceitos , o pessimista já decidiu que não “não se pode fazer nada a respeito” . Por tanto, descarta qualquer ponto de vista construtivo, mesmo que venham de mãos de quem sabem mais ou de quem querem bem.


Dificuldades que permitem crescer.

Os otimistas são homens e mulheres que conseguem encontrar uma forma de beneficio, mesmo que estejam atravessando umas situações traumáticas ou umas condições de vida difíceis. Essas pessoas conseguem sair destas vivencias como se o trauma tivesse permitido desenvolver novos recursos. Isto resulta vantajoso , porque a dificuldade os tornou mais fortes e, graças a estas novas habilidades, poderá enfrentar-se ao futuro com mais possibilidade de êxito.
Ser otimista e viver melhor
A força do otimismo vai muito mais longe do que imaginamos. Já sabemos que uma atitude otimista nos permite viver de forma muito mais plena , ademais agora , se descobriu que uma visão otimista das coisas melhora inclusive a saúde das pessoas.
Alguns trabalhos científicos demonstram que aqueles pacientes cujo médico creia que melhorariam se beneficiavam mais do tratamento que aqueles cujo Professional era pessimista ou indiferente. Falando de outro modo: o otimismo do medico tinha um efeito benéfico sobre a evolução do paciente
Seguramente, o otimismo do médico lês transmitia esperança a esses pacientes e hoje sabemos que as sensações de bem estar –como o sorriso – produzem em nosso corpo modificações fisiológicas que podem ajudar-nos a combater algumas enfermidades . Por outro lado , é provável que os pacientes com médicos otimistas cumpriram melhor o tratamento que os outros porque “para que vou seguir as indicações do médico si nem ele crê que servira para algo?”. Podemos ir acercando-nos a uma “formula” do otimismo modificando apenas o som daquela frase “Querer é poder”para transformar-la em “Crer é poder”. Com isso não quero dizer que a mera crença pode converter algo em realidade senão que, quando começo a crer em algo , isso começa a ser possível. Significa isso que sempre acontecerá como eu creia? Por suposto que não . Mais bem significa que, si não creio que o que anseio possa suceder, o mais provável é que jamais suceda.
Naturalmente , depois terás que pensar como conseguir o que imaginas e também que trabalhar nisso. E esse é o otimismo que te proponho.

Receber com alegria.Outro perigo é cair na absoluta certeza de que o resultado não pode ser outro que o que esperamos. Nesse caso confundimos o otimismo com teimosia e negação. Isso pode trazer dois problemas juntos. Em primeiro lugar, si as coisas não sucedem como queríamos, a desilusão pode converter-se em um golpe difícil de encaixar que nos dificulta voltar ao caminho. Em segundo lugar, si todo resulta como queríamos, não nos produzira alegria senão alivio e tranqüilidade.
Faz um tempo me contaram uma história:
Dizem que em um pequeno vilarejo da India havia dois maestros espirituais, um mais jovem e outro mais velho. O mais jovem havia sido, tempo atrais, discípulo do outro. Cada um tinha seu próprio ashram, uma espécie de escola donde a gente podia acercar-se para escutar o maestro, fazer perguntas e buscar um guia espiritual. Era um vilarejo pequeno e desde um ashram podia ver o outro. Todas as manhas os dois maestros se sentavam sobre seu tapete e esperavam que a gente se juntasse a seu redor para começar as lições. E todas as manhas dez ou vinte pessoas se acercavam ao velho maestro enquanto que, ao redor do jovem, se empilhavam mais de cem apertando-se para escutar melhor. Uma e outra vez se repetia a situação e o maestro velho se exasperava cada vez mais. Finalmente, um dia, depois de está inscritos a sua lição só oito pessoas ,decidiu ir ver o maestro jovem.
_ Maestro_ falou esse ao ver-lo entrar_ que bom ver você. O que te traz por aqui?
_ Responde-me algo_ falou o velho maestro indo direto ao assunto_ Tu crê que é mais inteligente que eu?
_ Não maestro_ respondeu o jovem um pouco surpreendido__ Não, não creio.
_E crê que é mais didático que eu?
_ De nenhuma maneira, tu me ensinou tudo o que eu sei...
_ Pensa então que sois mais sábio?
_ Não maestro a sabedoria se alcança com a idade.
_ Me explica então_ disse o maestro visivelmente irritado_ se não é mais inteligente nem mais didático nem mais sábio nem melhor que eu de forma alguma, por que todas as manhas tu tem cem pessoas em teu ashram enquanto eu tenho só dez?
O maestro jovem permaneceu em silencio um momento entendendo finalmente o motivo daquele interrogatório. Logo utilizando na voz a maior suavidade que era capaz, disse:
_ Pode que seja , maestro, porque a ti te surpreende cada manha que seja tão poças enquanto a mim me surpreende cada manha que sejam tantas.
É possível que a vida sempre tenha a tendência de surpreender-nos. Deixemos por isso um lugar para receber com alegria e agradecimento todo o que nos topa.
Água no deserto
O otimismo não somente é valioso como meio para conseguir algo. Também pode contribuir para que vivamos uma “boa vida” si consideramos um fim em si mesmo. Me refiro a que pode ser uma maneira de olhar não só o nosso futuro senão também o nosso presente: uma atitude que busca focalizar aqueles aspectos positivos de cada situação e que , frente as adversidades , se pergunta que podemos aprender ou resgatar no lugar de queixar-nos porque as coisas não são como desejaríamos.
Em ( O Pequeno Príncipe ) de Antoine de Saint-Exupéry, existe um momento em que o narrador tem danos no seu avião e teve que realizar uma aterrisagem de emergência no meio do deserto. Se encontra só e a centos de quilômetros de qualquer região habitada. Aparece então o Pequeno Príncipe e suas maravilhosas historias le distraem por algum tempo da critica situação. Sem embargo, ao beber da ultima gota de água que tinha, não pode deixar de pensar que vai morrer.
_ Meu amigo zorro... _ está dizendo o Pequeno Príncipe quando o narrador interrompe desesperado.
_ Não se trata de zorro, rapazinho ! Vamos morrer de sede!
A realidade é inapelável , porém o otimismo do Pequeno Príncipe permanece firme.
_É bom ter tido um amigo mesmo se vamos morrer. Eu estou contente de ter tido um amigo zorro.
O narrador só encontra uma explicação para essa atitude: “Não mede o perigo” se diz ( quantas vezes nos mesmos temos rotulado de ingênuos a quem nos propõem uma visão otimista !). Porém o Pequeno Príncipe compreende perfeitamente:
_ Eu também tenho sede ... _fala_ Vamos buscar um poço...
Ir ao absurdo de buscar um poço ao azar no meio de um gigantesco deserto, começam a caminhar. Caminham até cair a noite. O Pequeno Príncipe fala então: _ O deserto é bonito ... O que faz mais bonito o deserto é o poço que se esconde em algum lugar _ e o narrador se estremece a compreender a estranha beleza do deserto.
Se encontraram ou não um poço ( terás que ler o livro se não lembra da história) não importa tanto. O importante está em compreender que o otimismo é a certeza de que em algum lugar, existe um poço com água. E vale a pena buscar-lo por absurdo que pareça. Crer num poço que não se vê embeleza o deserto. A vida está cheia de possibilidades que não podemos ver. O otimismo de crer que diante de qualquer situação existe uma possibilidade em embeleza nossa vida... mesmo que nunca o encontremos. Vale a pena buscar incluso sem saber que encontraremos


Um método para aprender otimismo
Não todos temos a sorte de ser otimistas por natureza. Porém inclusive os pessimistas temos razoes para ser otimistas porque o otimismo se pode aprender. Martin Seligman, no seu livro (Aprenda Otimismo ) editora Grijalbo, ensina um método para aprender a dar valor a água que tem o copo ao que , no lugar de “meio cheio”, vemos “meio vazio”. Se trata de uma técnica simples porém requer prática , esforço e paciência se queremos obter os resultados desejados.
Em inglês se chama ABCDE, pelos cinco passos que está composto: Adversity, Beliefs, Consequences, Disputation e Energization. Podemos usar-lo em qualquer momento em que detectamos um pensamento pessimista que parece pouco realista ou exagerado . Os cinco passos se podem traduzir assim:



1 Adversidade


Descreve o erro, fracasso ou adversidade que desencadenou o pessimismo: “ Me apresentei ao processo de seleção para um posto de trabalho e acabo de receber uma carta rejeitando-me . Nem sequer me chamaram para fazer a entrevista”.



2 Crenças


Tomo nota das crenças negativas que desencadenam essa situação: “ Teriam rido do meu currículo . Sou um desastre e sempre fui . Não sei para que me apresento se não valo pra nada. Nunca conseguirei trabalhar no que eu gosto”.


3 consequências


Observa as consequências de tuas crenças negativas: “ me sinto deprimido e humilhado. Não quero apresentar-me nunca mais a outro processo de seleção”.



4 Discurssao interna


Discute contigo mesmo da mesma forma que faria com outra pessoa. Rebate com criatividade e firmeza tuas próprias crenças :” Pode que esteja exagerando. Talvez , simplesmente , falharam ao valorar meu talentos e habilidades. Pode que não seja o posto adequado para mim. Pode que fosse um processo de seleção extremadamente competitivo, e se havia apresentado tanta gente que não tiveram tempo para ver todos os candidatos. Seguro que cedo ou tarde encontrarei um posto para mim. É só questão de tempo e paciência.


5 Energia


Toma consciência da energia que esta discursao interna liberou: Me sinto mais tranqüilo e animado. Tenho mais esperança de encontrar meu caminho. Inclusive já voltei a buscar novas oportunidades de trabalho”.
O passo crítico , evidentemente , é o da discurssao interna donde se trata de superar , desinchar ou diminuir as crenças negativas. É fundamental dar-se conta de que os sentimentos quase sempre reacionam diante do que acreditamos e não diante dos fatos. Por isso, o otimismo não tem que ser “pouco realista” ou “ingênuo” senão todo o contrario. Não se trata de viver num mundo fictício ou de ilusão senão de semear duvidas razoáveis a respeitos de crenças pouco fundadas. Tomemos como exemplo as idéias pessimistas mais radicais, que mesmo assim se escutam frecuentemente ou que , alguma vez todos tivemos: “A vida é algo horrível, o mundo é um asco, a espécie humana insignificante”. São certas essas afirmações?
Se olhamos nas guerras ,os crimes e as maldades que configuram boa parte dos livros de história e do telediario , pode parecer que sim. Porém se analisamos com espírito critico,são afirmações que tropeçam sem remédio. Na vida existe alegrias ,tem beleza , tem sorriso, tem prazeres de corpo e espírito, tem bondade, carinho,sacrifício e solidariedade. Como disse em certa ocasião Mahatma Gandhi, “ a regra geral é o amor. O que acontece é as noticias e a historia recopilam todas as exceções a esta regra”.

Busca o equilíbrio
Seligman proporciona algumas pistas sobre como combater nossas próprias crenças negativas. Em primeiro lugar, podemos encontrar os pontos débeis dessas crênças . O fato de que suspendi o examem de conduzir significa realmente que nunca serei capaz de conduzir? Investiga , entre tuas amizades , quantas delas suspenderam uma , duas ou inclusive três vezes antes de obter o carne de conduzir? Chove sexta de tarde e significa que tenho que cancelar a viagem por mal tempo? Consulta a previsão para sábado e domingo porque pode que te surpreenda que esses dois dias brilhará o sol.
Teu objetivo deve ser buscar todas as alternativas possíveis e,mesmo que não se convença de todo, pelo menos semearás duvidas razoáveis respeito a interpretação mais negativa .Ter em conta de que quando estamos “cinza”, não escolhemos a interpretação mais negativa por ser a mais creível senão porque é a pior de todas . Se torna o foco de nossa vista e não vemos as alternativas. Porém a pratica do otimismo não se trata de negar a interpretação mais fatal senão de equilibrar-la com outras possibilidades.

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