A agressão desviada (parte 1)

David P. Barash, professor de psicologia da universidade de Washington ( EE.UU.).


Todos experimentamos alguma vez a dor. Quando passam coisas ruins_ e , cedo ou tarde, sempre passam_ algo peculiar e profundamente desagradável pode acontecer depois: como efeito de ter resultado feridas, com freqüência as vitimas reacionam , fazendo que outros também sofram a dor que elas mesmas sofrem. E aqui tem algo curioso: freqüentemente elegem a um inocente , alguém que não era o que lhes causou o sofrimento, como sua própria vitima. Os biólogos chamam a isso “ agressão desviada ou redirigida”. Opera através da transferência da dor, a vezes físico, a vezes psicológico. Isto acontece desde faz muito tempo, tanto na vida real como na literatura: Gente que tem um mal dia de trabalho respondem conduzindo de forma agressiva, ou gritando à mulher, ao filho ou dando uma patada ao cachorro quando chega em casa. Também existe naturalmente, os conhecidos e pouco compreendidos “ ciclos de violência familiar” nos quais as pessoas que sofreram abusos quando crianças, se convertem muitas vezes , em abusadores quando chegam à idade adulta. O que acontece aqui é mais interessante , mais complicado e mais irracional que a aprendizagem social ou a vingança: quando um individuo sofre dor, uma resposta típica é passar-la a outro , como se a angustia pessoal pudesse diminuir sua intensidade transmitindo-se a outros, independentemente da culpa ou inocência reais.

As rodas do mecanismo se colocam em funcionamento quando alguém sente que sofreu uma injustiça e, geralmente , quanto mais profunda seja essa injustiça ,mais sangrante será a resposta. Damos como exemplo as obras literárias_ donde agente poderia pensar que vale tudo_ é difícil que os vilões sejam apresentados como fazedores do mal por puro prazer: o vilão de bigodes torcidos ata a heroína nas vias do trem alegremente simplesmente porque é cruel. Quase inevitavelmente , para que um ator seja crível , deve mostrar que sofreu alguma ferida no passado. É então quando tudo cobra sentido.

Fonte: revista "Redes para la ciencia nº 10"

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